Memorial do Convento
Nome do livro: Memorial do Convento
Nome do Autor: José Saramago
Editora: Caminho Editora
Número de páginas: 373 páginas
Sinopse: «Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V.» (Diário de Notícias, 9 de outubro de 1998)
Número de páginas: 373 páginas
Sinopse: «Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V.» (Diário de Notícias, 9 de outubro de 1998)
Opinião: Depois de muito tempo, eu finalmente consegui acabar o Memorial do Convento, e, contra todas as expectativas, acho que este livro é, sem dúvida nenhuma, uma autêntica obra-prima.
O Memorial do Convento é aquele livro com personagens e uma história incrível, mas que não é tão fácil de ler, sendo este o motivo de não receber as 5 estrelas. A esta dificuldade junta-se a tão conhecida escrita de Saramago que faz com que as pessoas ou o amem como autor, ou o detestem.
Li o Ensaio Sobre a Cegueira à uns anos e digo-vos desde já que a dificuldade de leitura desse livro comparada com a deste não é nenhuma. O Memorial é realmente um livro muito difícil de ultrapassar, o autor usa frequentemente palavras complicadas e nomes históricos que obriga a pesquisas e consequentemente arrasta o ritmo de leitura. No entanto, quando, ao fim de muitas páginas, conseguimos entrar na escrita do autor, é realmente muito interessante e nota-se muita pesquisa por parte do autor.
O livro acompanha Baltasar Sete-Sóis, um antigo soldado que, ao voltar da guerra encontra Blimunda por quem se apaixona e que o apresenta ao padre Bartolomeu Lourenço, um homem que realmente acredita que consegue criar uma máquina de voar, a Passarola. A ação segue assim estas três personagens à medida que tentam tornar a ideia do padre real. Pelo outro lado, vemos a família real à medida que o rei cumpre a sua promessa de construir um convento em Mafra se a rainha engravidasse, o que dá um contraste bastante interessante entre estes dois casais. Relativamente às personagens não tenho queixa nenhuma, pelo contrário, eu realmente gostei de todas.
Se tivesse de definir a parte que mais gostei no livro acho que foi mesmo o papel do Convento de Mafra em Portugal e a ironia que o autor usa para descrever a ambição e a astucia do rei para com esta imponência histórica. E é realmente interessante ver o retrato que surge de como uma construção influenciou e separou tantas famílias, sendo que um dos episódios mais marcantes da obra é o transporte da pedra que demonstra bem a vaidade do rei.
Adorei ainda toda a ideia divina por detrás da obra, especialmente a ideia do "Pai, Filho e Espírito Santo" que rodeia as personagens principais.
Relativamente ao final, sei que muita gente o odeia, mas eu adorei-o. Claro que iria gostar se fosse o que toda a gente esperava, mas exatamente por não ser o esperado, acho que dá um toque final incrível.
Sei que não é um livro fácil, eu arrastei-o por uns bons meses, mas não precisam de o ler todo seguido, vão pegando nele de vez em quando e avançando um bocado que assim conseguem e não se torna tão difícil e também não desistam de o ler só porque não o conseguiram fazer no secundário, porque isso aconteceu-me e no final eu adorei o livro, então, recomendo muito. Se puderem, após a leitura, visitem o Convento de Mafra porque é, sem dúvida, um monumento tão imponente que vos arrepia (e com uma biblioteca linda e cheia de livros antigos e extremamente raros).
Boas leituras.
3 em 5 Estrelas
Quotes/Melhores Momentos:
- «Devia ser um direito do homem escolher o seu próprio nome e mudá-lo cem vezes ao dia, um nome não é nada.» - Página 52
- «Burros à nora, de olhos tapados para terem a ilusão de caminharem a direito, não sabendo, como não sabiam os donos, que andando realmente a direito também acabariam por vir parar ao mesmo lugar, porque o mundo é ele uma nora e são os homens que, andando em cima dele, o puxam e fazem andar.» - Página 66
- «Podemos fugir de tudo, não de nós próprios.» - Página 72
- «Porventura gostarão os homens de sofrer ou estimam mais a convicção do espírito do que a preservação do corpo, Deus não sabia no que se metia quando criou Adão e Eva.» - Página 99
- «Toda a gente sabe o que tem, mas não sabe o que isso vale.» - Página 105
- «Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o mundo na sua órbita. Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de luas, por isso o céu é o resplendor que há dentro da cabeça dos homens, se não é a cabeça dos homens o próprio e único céu.» - Página 121
- «Há um tempo para construir e um tempo para destruir, umas mãos assentaram as telhas deste telhado, outras o deitarão abaixo, e todas as paredes, se for preciso.» - Página 175
- «No mundo só há morte e vida, ficaram todos à espera do resto, por que será que os velhos se calam quando deveriam continuar falando, por isso os novos têm de aprender tudo desde o princípio.» - Página 216
- «Ao contrário do que se costuma dizer a morte não é toda igual, o que é igual é estar morto.» - Página 276
- «Um homem nunca sabe quando a guerra acaba. Diz, Olha, acabou, e de repente não se acabou, recomeça, e vem diferente, a puta, ainda ontem eram floreios de espada e hoje são arrombações de pelouro, ainda ontem se derrubavam mulheres e hoje se desmoronam cidades, ainda ontem se exterminavam países e hoje se rebentam mundos, ainda ontem morrer um era uma tragédia e hoje é banalidade evaporar-se um milhão.» - Página 297
Convento de Mafra |
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