Uma Mulher no Topo do Mundo
Editora: Bertrand Editora
Número de páginas: 164 páginas
Sinopse: «Passados dois meses de ter começado a aventura, Maria estava, finalmente, a 8848 metros de altitude, onde poucos conseguem chegar. Aproveitando uma janela de bom tempo nas gélidas montanhas dos Himalaias, partiu para a última fase da escalada. A chegada ao topo demorou 13 horas, enfrentando temperaturas a rondar os 30 graus negativos. «Foi a coisa mais difícil que fiz em termos físicos, mas cume do mundo é ainda mais bonito do que eu alguma vez poderia ter imaginado!», contou Maria, horas depois, à agência de notícias portuguesa LUSA. A notícia do seu feito espalhou-se, ainda que de forma discreta, na imprensa, rádios, televisões e páginas da internet em Portugal, nos Emirados Árabes Unidos (EAU) - onde vive há quase uma década. Maria tinha, assim, uma plataforma para expor o seu ato de bravura e, mais importante do que tudo, para explicar a causa que a movia: ajudar as crianças dos bairros de lata do Bangladesh a sair do ciclo de pobreza.»
É estranho pensar em dar rating à vida de uma pessoa. No entanto, dou as 4.5* de bom grado: pela história em si, e pela forma como foi escrito.
Relativamente à história, devo dizer que a vida da Maria da Conceição é absolutamente incrível: foi uma mulher que, desde cedo, percebeu que teria de depender apenas de si mesma para vencer na vida. Foi hospedeira de bordo pela Emirates e, quando visitou Bangladesh, compreendeu a pobreza existente. Assim, iniciou um projeto em Daca, na capital, contra o ceticismo da própria população. Apesar dos altos e baixos que o primeiro projeto viveu, e a posterior criação de outro projeto devido a problemas no primeiro, procurou dar à população desta cidade o que eles nunca tinham tido. E assim nasceu a Maria Cristina Foundation (nomeada em homenagem a Maria Cristina, a senhora que a criou quando Maria da Conceição foi, ainda muito nova, abandonada pela mãe).
Para chamar atenção para a causa, correu maratonas, ultramaratonas, subiu montanhas, correu nos 7 continentes [sendo que para os recordes os continentes considerados são América do Norte, América do Sul, Ásia, Europa, África, Oceania e Antártida] e subiu o Evarest, tornando-se assim a primeira mulher portuguesa a fazê-lo. Obteve recordes do Guiness pelo caminho e apoio para a sua causa (apesar de não ter conseguido todo o que esperava obter). É, assim, uma história incrível.
Relativamente ao livro em si, devo dizer que está absolutamente bem escrito. Talvez para quem goste do género de biografias, e o leio constantemente, esta seja vista como uma biografia fraca. Afinal, tem apenas cerca de 160 páginas e os acontecimentos são retratados muito ao de cima. Mas para mim, que poucas biografias leu na vida, e que por norma acaba por se aborrecer, foi absolutamente fantástico. A história lê-se super rápido, é contada de uma forma fluída e interessante e os capítulos não são muito longos, o que só ajudou à leitura.
Assim sendo, 'Uma Mulher no Topo do Mundo' é um livro que recomendo imenso e que acredito que nós, enquanto portugueses, deveremos valorizar - é a história de uma portuguesa que mudou a vida de centenas de crianças e, pelo caminho, realizou provas físicas que nenhum português tinha feito e, em diversos casos, nem nenhuma pessoa no mundo (afinal, ela em 2015 contava já com seis recordes do Guiness, incluindo o de mulher mais rápida a completar sete maratonas oficiais em sete continentes e o mesmo recorde mas em ultramaratonas). Em 2018 as notícias divulgaram que Maria da Conceição era já detentora de sete recordes e tinha-se tornado "a primeira mulher portuguesa a chegar ao Polo Sul e a subir ao Monte Vinson, a montanha mais alta da Antártida". Então, vamos demonstrar algum apoio a esta causa incrível e ao esforço e dedicação desta mulher.
(Nota final: Para esclarecer, apesar de, pela capa, parecer que o livro foi escrito pela Maria da Conceição, a forma como o livro é contado dá a entender que, verdadeiramente, Alexandra Nunes foi a autora principal e Maria da Conceição participou apenas acrescentando factos e a sua opinião sobre algumas partes. Assim, considerei na ficha técnica que Alexandra Nunes é a autora).
(4.5 em 5 estrelas)
«Que tipo de doença é que eu tenho, como uma escuridão, que apesar de tantas negas e falhas continuo a seguir em frente e a ter tanta fé de que vai surgir uma luz ao fundo do túnel? Revolta-me eu seguir sempre o caminho mais difícil, mas tenho receio de falhar com as crianças, famílias, patrocinadores e voluntários. É uma vontade tão grande de querer tirar as crianças da favela e de honrar o meu compromisso. Prometi e tenho de cumprir.» - Páginas 130-131
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