sábado, 19 de março de 2016

A Persistência da Memória - Resenha

A Persistência da Memória


Sinopse: "Camila está em conflito permanente com a sua consciência. Dotada de uma aptidão rara, a que a medicina designa por síndrome de memória superior, tem a capacidade de se recordar ao pormenor de todos os acontecimentos da sua vida, mesmo aqueles que desejaria esquecer. Nesta teia de emoções, onde se misturam passado e presente, amor e perda, culpa e prazer, Camila busca a liberdade que a memória não lhe concede, sobrevivendo entre relações extremas e perversas.
Um segredo inconfessável e a frágil fronteira entre sonho e realidade atravessam este romance desconcertante sobre a intimidade de uma mulher perseguida pelas sombras da sua própria história."
Nome do livro: A Persistência da Memória
Nome do Autor: Daniel Oliveira
Editora: Oficina do Livro
Número de páginas: 238 páginas
Resenha: Finalmente decidi pegar neste livro de um carismático famoso português, Daniel Oliveira, e devo admitir que esperava ligeiramente 
melhor de alguém que fala tão bem e é capaz de emocionar tão bem as pessoas. 
A premissa deste livro é a história de uma rapariga que não se consegue esquecer de nada porque tem a síndrome da memória superior e 
então seguimos essa personagem a tentar viver com isso, mas eu esperava seriamente mais de um livro com esta premissa tão boa.
As frases do livro são realmente incríveis, mas a personagem principal em si foi irritante o livro todo. 
Mal comecei a ler gostei logo dos capítulos pequenos, no entanto, houve algo que me irritou logo a princípio, que foi o facto de ela 
falar com raiva do ex-namorado por a ter deixado quando ela própria admite que o traiu, irritou-me profundamente ela agir como se 
culpa fosse dele por a ter deixado.  
Mas o que mais me irritou mais foi mesmo o facto de a personagem principal ser completamente pervertida e depravada, sendo que ela conhece um homem e no momento seguinte já está a beijá-lo, além de passar o livro todo a ter relações sexuais com homens diferentes. 
Outro ponto negativo foi que, desde o princípio, a doença dela e a forma como ela vivia com ela chamou-me muito a atenção no livro, e essa doença é praticamente ignorada durante grande parte do livro, sendo que o foco acaba mesmo por ser a vida sexual dela. 
E, onde o livro podia ganhar pontos, ou seja, no final, eu detestei o final do livro. 
No final, os únicos pontos positivos do livro foram o facto de que é um livro bastante rápido de se ler e que é escrito de uma forma bastante boa, além de ter frases completamente incríveis. 
Não me levem a mal, eu não detestei o livro (tanto que lhe dei três estrelas), mas é que eu realmente esperava uma história mais envolvente de alguém com uma doença tão rara, especialmente sendo o autor quem é, fiquei um bocado desiludida com o livro sim, mas não deixa de ser uma boa leitura. Recomendo sim.
Boas leituras.
(3 em 5 estrelas)

Quotes/Melhores Momentos:
  • «Quando alguém diz que quer ir, já foi.» - Página 17
  • «A culpa não se partilha e, se essa culpa vivia em mim, aqui viveria até que eu a purgasse. Não seria capaz de me confessar a outra pessoa que não a mim mesma. Só por mim pode ser compreendido o que de mim sei.» - Página 35
  • «-Sabe, a vida é como um jogo de xadrez - disse-me - Você conhece as regras: começar/nascer, jogar/viver e acabar morrer e sabe, ou deverá saber, que todas as suas jogadas têm consequências no jogo. Umas maiores, outras menores, mas todas têm. E que, à sua frente, está um adversário que, no caso da vida, podemos acreditar que seja tudo aquilo que acontece. Daí ser tão importante uma estratégia. Se jogarmos/vivermos se objetivos, as nossas decisões tornam-se meramente reactivas e acabamos por fazer o jogo do adversário e não aquele que desejaríamos.» - Página 48
  • «A memória é a nossa verdade sem tempo. Sabemos o que é certo ou errado porque essa noção reside algures inculcada dentro de nós.» - Página 68
  • «Ninguém é morto ou está morto. Ser ou estar implica existência. A morte é a ausência, já não está, já não é. Só no domínio do pensamento será ou viverá o ausente. Da vida só a própria faz parte.» - Página 83
  • «Talvez só sejamos nós mesmo quando nos movemos pela instuição, quando nos ouvimos. Somos sempre uma criança a escolher um dos túneis dos labirintos. É uma voz que vem de dentro, sopro de vento no pescoço, veemência no peito, uma certeza sibilina não consumanda. Também nos engana, mas age sempre consoante a nossa maior verdade. 
    • Errar também faz parte dessa verdade, mas prefiro errar sendo fiel a quem sou, do que acertar não sendo eu. Neste quarto, com vista para um azul sem fim, inundado de luz e de brasas, não sei quem sou. Às vezes acho que sou pelo menos duas: a mulher que os outros vêem e a que se vê a si mesma.» - Página 94
  • «Os erros que cometemos vão sendo sobrepostos pela própria vida, mas, quando os erros são o rumo que ela tomou, passamos a estar em causa.» - Página 122
  • «Nós nunca dizemos tudo o que pensamos e o que pensamos é fruto do que somos, do que aprendemos, nunca da verdade absoluta, porque essa é sempre filtrada pela interpretação de cada um, pelas cores que o mundo tem para cada pessoa.» - Página 146
  • «A consciência dos meus erros diz mais de mim do que os erros em si.» - Página 200
  • «Todo o nosso tempo é curto, aliás. Resta-nos as memórias até que também elas se refugiem no ocaso da vida.» - Página 216

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