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Nunca Me Esqueças
Nome do livro: Nunca Me Esqueças
Nome original do livro: Remember Me
Nome da Autora: Lesley Pearse
Editora: Editora ASA
Número de páginas: 432 páginas
Sinopse: «Num dia…
Com um gesto apenas…
A vida de Mary mudou para sempre.
Naquele que seria o dia mais decisivo da sua vida, Mary - filha de humildes pescadores da Cornualha - traçou o seu destino ao roubar um chapéu.
O seu castigo: a forca.
A sua única alternativa: recomeçar a vida no outro lado do mundo.
Dividida entre o sonho de começar de novo e o terror de não sobreviver a tão dura viagem, Mary ruma à Austrália, à época uma colónia de condenados. O novo continente revela-se um enorme desafio onde tudo é desconhecido… como desconhecida é a assombrosa sensação de encontrar o grande amor da sua vida. Apaixonada, Mary vai bater-se pelos seus sonhos sem reservas ou hesitações. E a sua luta ficará para sempre inscrita na História.
Inspirada por uma excepcional história verídica, Lesley Pearse - a rainha do romance inglês - apresenta-nos Mary Broad e, com ela, faz-nos embarcar numa montanha-russa de emoções únicas e inesquecíveis.»
Decidi ler um livro da Lesley Pearse na esperança de que fosse mais um daqueles romances fofos e seguros de que toda a gente fala. No entanto, e sem eu saber, escolhi exatamente um dos poucos livros dela que não o é. Pelo contrário, é uma das histórias mais violentas com que já me deparei.
Nunca Me Esqueças é o título da história verídica de Mary Broad, uma mulher condenada por roubo à deportação para a Austrália naquele que era um projeto de reintegração criado pela Inglaterra para povoar esta zona. Mary ficou conhecida por ter sido a primeira mulher a organizar e participar numa fuga bem sucedida da colónia penal em que se encontrava, fuga essa composta por ela, os seus dois filhos pequenos, o marido e mais sete homens, sendo que eles conseguiram viajar por cerca de 5000 km num barco à vela em mar aberto. Este livro acompanha a protagonista desde que sai de casa dos pais, até ao momento do roubo, a viagem violenta no barco, o terror na Austrália e a fuga complicada, entre muitos outros problemas que surgiram pelo caminho.
Depois de ler esta história, fiquei automaticamente com vontade de saber até que ponto era verdadeira, uma vez que nunca tinha ouvido nada sobre a mesma, e fiquei surpreendida ao perceber que é, de facto, na sua maioria, verídica, o que me deixou a sentir que este livro e a história dela não têm o protagonismo que deviam tendo em conta que foi algo tão excecional e da qual ninguém ouve falar.
O título original deste livro é Remember Me, que eu achei que podia ser traduzido de uma forma melhor, mais não seja para não dar a esta história um ar tão de romance.
A princípio eu custei realmente a entrar na história, não percebia certas ações, não era o que eu esperava e não tinha grande interesse. No entanto, com o passar das páginas, eu realmente envolvi-me nesta história e sofria com as personagens. Terminei o livro com vontade de chorar, o trabalho que a autora fez foi muito bom, as suas descrições e a forma como escreveu conseguem tocar até a mais fria das pessoas. É um livro bom sim, mas também é um livro que nunca mais quero ler na minha vida: a violência do livro e, pior, saber que os acontecimentos na base da ação são verdade, criam uma dor no coração de tal forma que nos acompanha ainda enquanto lemos as notas finais da autora.
(Atenção que isto pode ser considerado spoilers, apesar de o que vou referir ser histórico) O final do livro só ajudou na minha dor. A história termina de forma aberta, já que a partir daí não há mais registos sobre o que aconteceu com a Mary Broad. Como a própria autora diz nas suas notas finais, é possível que ela não se tenha resignado a uma vida pacata e tenha feito ainda grandes coisas na vida, mas nós não sabemos, e isso ainda é o pior, passei mais de 400 páginas a ligar-me a uma personagem, a sofrer com ela e a torcer por ela. E terminei assim, não se sabe o ano em que morreu ou sequer o país, e é essa incerteza, por uma pessoa/personagem a quem me afeiçoei, que aperta ainda mais o coração. Concluo a dizer que este é o problema de histórias verídicas: não temos o final feliz ou o final em fechado, temos a incerteza que provavelmente me vai acompanhar para sempre, só espero que tudo lhe tenha corrido bem e que, finalmente, Deus, ou quem quer que nos governe, tenha aberto os olhos para esta fantástica mulher e mãe de quem a história nunca se devia de esquecer.
- «Uma batalha ganha-se pela estratégia e não pela superioridade de forças.» - Página 229 de 428
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