segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Para Onde Vão os Guarda-Chuvas - Resenha

Para Onde Vão os Guarda-Chuvas

Nome do livro: Para Onde Vão os Guarda-Chuvas
Nome do Autor: Afonso Cruz
Editora: Alfaguara
Número de páginas: 620 páginas
Sinopse: «O pano de fundo deste romance é um Oriente efabulado, baseado no que pensamos que foi o seu passado e acreditamos ser o seu presente, com tudo o que esse Oriente tem de mágico, de diferente e de perverso. Conta a história de um homem que ambiciona ser invisível, de uma criança que gostaria de voar como um avião, de uma mulher que quer casar com um homem de olhos azuis, de um poeta profundamente mudo, de um general russo que é uma espécie de galo de luta, de uma mulher cujos cabelos fogem de uma gaiola, de um indiano apaixonado e de um rapaz que tem o universo inteiro dentro da boca.
Um magnífico romance que abre com uma história ilustrada para crianças que já não acreditam no Pai Natal e se desdobra numa sublime tapeçaria de vidas, tecida com os fios e as cores das coisas que encontramos, perdemos e esperamos reencontrar.»

Opinião: Um livro tão grande e eu nem sei o que dizer. É assim que me sinto relativamente ao livro Para Onde Vão os Guarda-Chuvas do Afonso Cruz. Não por achar que foi um livro muito bom ou muito mau, mas sim porque achei que foi o livro mais estranho (e até certo ponto confuso) que li na vida. 
As minhas expetativas para este livro eram altas: foi escrito por um autor português altamente aclamado e o livro em si é altamente elogiado (sendo que até é o livro que eu li em 2016 com um rating mais alto no goodreads, e foi, infelizmente, o rating mais baixo que dei este ano). 
O livro segue uma família muçulmana liderada por um fazedor de tapetes onde temos uma irmã completamente sem noção, uma criança irritante e um mudo. Honestamente, não há muito mais a dizer da história e esse foi um dos grandes problemas da obra: durante páginas e páginas não estava a acontecer realmente nada de importante e parecia que a ação nunca mais desenrolava. 
Comecei logo mal com o nome das personagens. Percebo que o autor se tenha inspirado na realidade muçulmana para criar esta história mas os nomes acabam por ser um bocado complicados e, algumas vezes, até confusos. 
A história para minha estava a ser um completo fiasco (um autêntico livro de nem uma estrela) e eu estava a ler só mesmo para o terminar. Depois veio um capítulo magnifico, o capítulo 70 que, tal como o resto do livro, foi bastante estranho, mas acabou por passar uma mensagem que gostei muito. Foi só a partir daqui que eu percebi o porquê dos nomes estranhos e das personagens fora do comum: o livro em si parece todo uma grande e complexa metáfora que, quando analisada com calma e cabeça, é muito boa. O principal problema é que a metáfora é tão densa que se acaba por perder informação e significados, e talvez por isso o livro não me estivesse a cativar tanto como poderia ter feito. 
Pela metade do livro eu estava em tão a começar de gostar e foi exatamente nesse momento que senti que o livro merecia um rating mais alto. No entanto, logo a seguir, as coisas voltaram a perder-se e eu deixei de perceber o objetivo da história e o porquê de tanta gente amar este livro. Percebo que existam pessoas que gostem deste livro mas, infelizmente, eu não sou uma delas e não recomendo, além de que não percebo o porquê do final, que foi, na minha opinião, horrível.
Para mim, o que ainda salvou o livro de receber apenas meia estrela, além do referido anteriormente, foi o facto de que tem realmente frases muito boas e de, apesar de não estar a gostar do livro, as páginas passavam minimamente rápido.
Infelizmente não gostei desta experiência de leitura mas espero, no futuro, ler um livro deste autor de que goste mais, mas este não era para mim.  
Boas leituras.  
(1 em 5 estrelas)
Quotes/Melhores Momentos:
  • «As tragédias gostam da nossa intimidade, de se sentar connosco a beber chá.» - Página 59
  • «Lembrar-te-ás de respeitar os mortos, porque ninguém respeita os vivos sem saber de onde vieram, e todos nós viemos dos mortos, todos os antepassados estão enterrados, foi de lá que nós viemos, não há vergonha nenhuma em perceber isso, pelo contrário, devemos sempre lembrar-nos disso. E é para junto deles que eu vou, que eu volto. Lembra-te, ninguém parte, tudo o que fazemos é regressar.» - Página 63
  • «O sangue é da cor da desgraça, é da cor da morte, nem sei porque é que quando morre alguém nos vestimos de preto, devia ser de vermelho, que é o corpo do avesso.» - Página 63
  • «Se queres vencer a morte, primeiro vence na vida.» - Página 74
  • «Os telescópios não servem para aumentar as estrelas, mas para diminuir o ser humano. São máquinas de nos fazer pequenos.» - Página 86
  • «Os homens deviam ser mudos até certa altura e depois rebentavam. Seria uma coisa ensurdecedora. Um homem a explodir toda a sabedoria que havia acumulado durante uma vida.» - Página 154
  • «Mas o problema é que o povo é um girassol: volta-se para onde brilha a luz, de forma automática, sem razão, sem discernimento. É assim o povo com os seus líderes. Somos todos uns girassóis.» - Página 357 

2 comentários:

  1. Olá,
    Tal e qual aquilo que senti com o livro que li.
    Foi como escreveste lá no meu blog, Afonso Cruz não é para qualquer um.
    Boas leituras

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    Respostas
    1. Realmente não é, mas pode ser que haja algum livro dele que acabemos por gostar, nunca se sabe!
      Boas leituras.

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