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City
Nome do Autor: Alessandro Baricco
Editora: Difel
Número de páginas: 266 páginas
Sinopse: «Este livro intitula-se City. Estou consciente de que, depois de Seda, teria sido melhor encontrar algo que soasse um pouco diferente. Mas este livro está construído como uma cidade, como a ideia de uma cidade. Gostava que o o título o dissesse. Agora di-lo.
As histórias são bairros, as personagens são ruas. O resto é tempo a passar, vontade de vaguear e necessidade de olhar. Viajei por City durante três anos. O leitor, se quiser, poderá percorrer o meu caminho. É isso que é o bom, e o difícil, de todos os livros: pode-se viajar na viagem de outra pessoa?
Assim, para que conste, queria dizer que pela primeira vez escrevi um livro que, pelo menos em parte, se desenrola nos dias de hoje. Há automóveis, telefones, autocarros, há até um televisor, a determinada altura há um senhor a vender uma caravana. Não há computadores, mas hei-de lá chegar, um dia. Entretanto descansei um pouco do esforço ao desenhar um ou dois bairros, em City, que deslizam para trás ao longo do tempo. Num, há uma história de boxe, nos tempos da rádio. No outro há um western. É muito divertido, e também muito difícil. Passamos o tempo todo a perguntar-nos como raio será que iremos escrever o tiroteio final.
Quanto aos personagens - as ruas - há um pouco de tudo. Há um que é gigante, um que é mudo, um barbeiro que à quinta-feira corta o cabelo de graça, um general do exército, muitos professores, pessoas que jogam à bola, um menino negro que joga basquete e acerta sempre. Pessoas assim.
Há um rapazinho chamado Gould e uma rapariga chamada Shatzy Shell (nada a ver com o da gasolina).
Vou sentir a falta deles.»
Quanto aos personagens - as ruas - há um pouco de tudo. Há um que é gigante, um que é mudo, um barbeiro que à quinta-feira corta o cabelo de graça, um general do exército, muitos professores, pessoas que jogam à bola, um menino negro que joga basquete e acerta sempre. Pessoas assim.
Há um rapazinho chamado Gould e uma rapariga chamada Shatzy Shell (nada a ver com o da gasolina).
Vou sentir a falta deles.»
Esta opinião talvez seja das mais difíceis que algum dia vou ter de escrever, não só porque tive uma grande relação de amor-ódio com o livro, mas também porque, honestamente, ainda não consegui perceber bem sobre o que se trata.
City é, supostamente, um livro onde acompanhamos o que se passa na vida das pessoas da cidade. No entanto, seguimos maioritariamente Gould, um rapaz génio, Shatzy Shell, uma rapariga contratada para tomar conta dele, e dois homens que andam sempre com Gould. A história vai-se desenrolando a partir da vida destas personagens da forma mais estranha possível.
Comecei o livro exatamente sem saber nada sobre ele uma vez que a sinopse pouco ou nada dá sobre a história, e estava, honestamente, com algum receio.
O início do livro não ajudou uma vez que, logo o início em si, foi bastante estranho, e ao fim de 50 páginas eu estava muito confusa com a história e ainda não tinha percebido qual era a ação do livro em concreto, na verdade, esta sensação foi muito semelhante àquela que senti enquanto lia o Para Onde Vão os Guarda-Chuvas do Afonso Cruz.
Esta sensação deveu-se, não apenas pelo que referi anteriormente, mas também pela forma de escrita do autor que, ou escreve parágrafos compridos e super descritivos, que junto com a história esquisita, acaba por deixar o livro super aborrecido, ou escreve páginas inteiras de diálogo, sem usar uma única vez um travessão seguido da reação da personagem ao que tinha dito ou ouvido ou qualquer ideia de movimento, simplesmente diálogo.
Ao fim de 120 páginas, eu estava mais confusa do que nunca e já não conseguia sentir qualquer interesse ou curiosidade em terminar o livro. No entanto, sigo a filosofia de que um livro pode ser mau, mas o final pode compensar e ser incrível, então continuei. Mais 30 páginas, e a história continuava sem nexo, além de que parecia que o autor queria contar demasiadas histórias ao mesmo tempo e isso acabou por fazer do livro uma confusão de nomes e acontecimentos. O livro assemelhava-se agora, na minha mente, a uma causa perdida. A um daqueles livros que poucas vezes apanhamos na vida e que acabamos a dar uma estrela... porque não podemos dar zero. No entanto, milagres acontecem pelos vistos, chegamos à página 230 e o livro começa a ficar bom. Porquê? Porque a Shatzy Shell, que como o autor diz constantemente não está relacionada com a gasolina, começa a contar um western que ela está a escrever. E, honestamente, se este western fosse vendido em separado, eu comprava sem pensar duas vezes, a história dela é fantástica (se não quiserem saber do que se trata sigam para o próximo parágrafo) e passa-se numa terra em que o tempo está parado, as pessoas têm doenças e o corpo dói-lhes, mas elas não conseguem morrer, e é o que as pessoas querem, acham que já são velhas o suficiente para morrerem em vez de continuarem a viver cheios de doenças e de dores, então temos toda uma luta para fazer o tempo andar, à medida que vemos as pessoas que habitam essa terra, analisamos as suas peculiaridades e tentamos compreender todo o mistério que circunda aquele sítio parado no tempo.
O final do livro é bom, mas o final do western é maravilhoso. Honestamente, gostava que este fosse vendido em separado, porque ele é muito bom mas acaba por ser ofuscado pelo resto do livro, o que deve levar a que poucas pessoas leiam o suficiente ao ponto de chegar a esta parte maravilhosa, consequentemente, poucas tem a experiência de ler as palavras que acho serem as melhores do livro.
Assim sendo, recomendo muito, mas apenas pelo western e pelas frases boas que encontramos durante toda a obra. Atenção, não estou a dizer que é um mau livro, só não foi bom para mim, vi muitas opiniões de pessoas que amaram o livro, infelizmente não foi o meu caso.
Boas leituras.
Boas leituras.
(2 em 5 estrelas)
- «Com estas estradas na cara, velhice maldita, a mijar-se em cima de noite, o mal bastardo por baixo do cinturão, como uma pedra em brasa entre a barriga e o cu, nunca mais se faz dia, e quando nasce é um deserto de tempo vazio para atravessar, como é que cheguei aqui, eu?» - Página 118
- «Ouve-me bem, Gould: nunca encontrarás nada mais selvagem e primitivo do que dois intelectuais a bater-se em duelo. E nada mais desonesto.» - Página 165
- «Se perderes um cavalo podes fazer duas coisas: correr atrás dele, ou então ficares onde houver água e esperar que ele tenha sede. Na minha idade, corre-se mal mas espera-se divinamente.» - Página 229
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