sábado, 12 de março de 2016

Um Homem Com Um Garfo Numa Terra de Sopas - Resenha

Um Homem Com Um Garfo Numa Terra de Sopas

Sinopse: "Um célebre fotógrafo, galardoado com um importante prémio pela arrepiante imagem de uma matança de indígenas em Chiapas (México), suicida-se inexplicavelmente. O irmão mais novo, Isaac, estudante de jornalismo, interroga-se sobre os motivos dessa morte em pleno êxito, e decide averiguar as possíveis razões da mesma. A investigação irá conduzi-,lo ao coração do conflito, a Selva Lacandona, onde a verdade... ameaçará a sua própria vida."
Nome do livro: Um Homem Com Um Garfo Numa Terra de Sopas
Nome do Autor: Jordi Sierra i Fabra
Editora: Ambar
Número de páginas: 171 páginas
Resenha: Eu finalmente decidi reler um dos meus livros preferidos, Um Homem Com Um Garfo Numa Terra de Sopas, e gostei tanto como da primeira vez. 
Neste livro acompanhamos o Isaac, um estudante de jornalismo, enquanto ele tenta desvendar o porquê do suicidio do irmão, Chema Soler. Chema era um fotógrafo fomoso, que tinha acabado de ganhar o World Press Photo, um prémio muito importante da fotografia, e é provavelmente o fotógrafo mais famoso do mundo. Tudo parece estar a correr bem, até que um dia Isaac descobre que o seu irmão se matou e que lhe deixou uma carta. Nessa carta não tem nada que explique o porquê de ele se ter suicidado, mas tem uma pergunta "O que faz um homem com um garfo numa terra de sopas?". Assim sendo, Isaac começa uma viagem (não só pelos lugares que o irmão visitou, mas também pela sua mente), numa tentativa de descobrir o verdadeiro motivo do suicídio. 
Nunca tinha ouvido falar deste livro na minha vida até que um dia, numa livraria, vi um exemplar apenas. A capa não me chamou realmente a atenção mas o título sim, a sinopse mais ainda. Acabei por o comprar mas ele foi ficando esquecido na minha estante. Um dia, talvez à uns 3 anos atrás, decidi pegar-lhe e foi a melhor coisa que fiz. 
Este livro é incrível em diversos aspetos. Primeiro de tudo, temos aquela pessoa que considera outra o seu herói, o maior, o modelo a seguir, e depois o autor vira a história do avesso e vemos o Isaac a perceber que o irmão não era, na verdade, perfeito, e o momento em que o Isaac começa a tirar o Chema do pedestal onde o tinha colocado é simplesmente incrível. 
Depois temos a incrível pergunta do título que me deixou a morrer de curiosidade e que só é desvendada nas últimas páginas do livro e, apesar de não ser uma resposta completamente elaborada e surpreendente, tem uma mensagem incrível. 
E depois temos a dor da perda. Temos o Isaac a não aceitar o suicidio do irmão, o Isaac a viver sem o irmão, com o arrependimento de talvez não ter passado tanto tempo com ele como podia, as suas perguntas e duvidas, vemos toda uma luta interior, e eu achei isso tão sensacional e humano que me fez amar ainda mais o livro. 
Este é, sem duvida nenhuma, o livro com melhores lições de vida que eu já li, é simplesmente incrível e eu só tenho pena de não se falar mais dele, porque é tão bom que eu acho que realmente merecia muito mais mérito. 
Não há absolutamente mais nada a dizer a não ser: por favor leiam, não se vão arrepender.
Boas leituras. 

Quotes/Melhores Momentos:
  • «Como os sonhos acabam depressa. E como é amargo o despertar.» - Página 16
  • «Neste mundo a honestidade é a única coisa que nos diferencia uns dos outros.» - Página 27
  • «Viver com alguém não significa estar na sua pele, na sua cabeça. Há pessoas com uma vida interior intensa, tão forte que não transparece para o exterior, de maneira nenhuma. É a sua couraça.» - Página 40
  • «Por vezes, quando atinges o topo, a única coisa que lá encontras é o vazio e a solidão.» - Página 41
  • «Sabes como é: neva, neva, e amontoa-se no telhado. Parece que vai aguentar, até que um simples floco a mais... faz com que o telhado ceda e esmague os que estão dentro de casa, por não terem limpo a neve a tempo.» - Página 49
  • «O mundo? O mundo faz o que lhe dá na gana. Vê e acredita no que lhe convém, e também julga, condena ou liberta quem quer. Tudo depende do ponto de vista. Os americanos matam pessoas todos os dias, imponentes, e atribuem-lhe "razão de Estado".» - Página 163


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