sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

1984 - Discussão (com spoilers)


No princípio do livro é nos apresentado o mundo que George Orwell achava poder vir a ser o futuro, um mundo distópico em que o totalitarismo ao extremo governa este mundo.
Nós não conseguimos evitar comparar o país onde se passa a história (a Oceânia - Reino Unido e Irlanda, todo o continente América, a Oceânia e a África do Sul) com a Alemanha nazi (ou a URSS - Rússia Estalinista) e os outros países com o resto do mundo democrático, pois, e embora, nos seja dito que o os outros dois países sejam como a Oceânia, não há qualquer tipo de certeza disso porque nenhum cidadão da Oceânia pode sair do seu país e o governo divulga a informação que quer, da forma que lhes convém e todos acreditam. O facto de não serem aliados e estarem em guerra, leva-nos a crer que nos outros países pode realmente haver um regime democrático, apesar de isto não estar escrito em nenhuma parte do livro, é uma opinião pessoal.

O Winston Smith é uma personagem completamente fora do normal e isso levantou-nos algumas dúvidas. Percebemos aquela ideia de ele ser o protagonista do livro exatamente por ser diferente (e não se deixar influenciar pela informação dada pelo governo), mas realmente nunca nos é dada uma explicação para o porquê de ele ser assim.

Quando Winston vai até junto dos proles surgiram algumas dúvidas em relação a esse grupo: primeiro de tudo, porque é que não são tão controlados como o resto da população; segundo, o porquê de eles serem considerados diferentes e terceiro, o porquê de, se eles têm vontade própria, o porquê de não se revoltarem, uma vez que, segundo o livro, eles vivem em condições miseráveis. Esta divisão entre proles e resto da população acabou por se tornar um bocado confusa.
Na parte em que está a ser feito um discurso político e as pessoas seguram publicidade contra o país que a Oceânia atacava, e um político faz um discurso no qual diz que se encontram em guerra com o outro país, eu achei levado ao extremo a ideia de como é fácil mudar a opinião das pessoas, uma vez que elas seguravam publicidade contra um país mas não ligavam a isso, gritavam contra o outro. Por outro lado, a guerassimovna considerava que esse momento foi escrito assim como uma forma de explorar o totalitarismo dado que várias formas deste tipo de regime assumem por vezes posições contraditórias.

Uma vertente da história que não foi tão explorada foi a família do Winston e, especialmente, a sua mulher, cuja relação nos deixou com muitas dúvidas, especialmente quanto ao seu paradeiro e o porquê de ele não se importar, uma vez que ele consegue sentir emoções, tal como demonstra quando surge a Julia, por quem ele se parece apaixonar rápido de mais, o que pode ser explicado (na nossa opinião) pelo facto de ele viver sozinho e do nada aparece uma mulher mais nova e bonita que lhe dá atenção.

O facto de ele nunca ter sido apanhado antes foi uma das principais perguntas relativamente ao livro, uma vez que, e havendo um vigilância tão apertada, existindo até a Polícia do Pensamento, e uma vez que o O'Brien ter dito que o Winston estava a ser vigiado à anos, leva-nos a perguntar o porquê de ele não ter sido apanhado mais cedo, ma vez que ele próprio achava que, na maioria das vezes, estava a fazer ações "suicidas".
Quando ele é finalmente apanhado, é de uma forma completamente inesperada, sendo que o momento do "-Nós somos os mortos./ -Nós somos os mortos./ -Vocês são os mortos." foi um dos pontos altos do livro.
Quanto à parte da tortura (parte 3) foi muito bem descrita, e até certo ponto arrepiante, especialmente no momento em que ele vai para a sala 101 onde as pessoas são confrontadas com os seus piores medos e quando ele descreve como está o seu corpo, no entanto não percebemos o porquê de ele ser libertado, apesar de percebermos aquela ideia de o partido não querer matar os que pensam contra mas modificá-los.

Quanto à questão do se ele foi realmente modificado ou não, não há uma resposta certa. Por um lado parece que sim porque todas as memórias que ele tinha considera que são memórias falsas, por outro lado parece que não, por ele ainda ter essas mesmas memórias. No final do livro vemos uma manifestação de amor ao big brother (grande irmão), quando ele diz "amava o grande irmão", ao mesmo tempo está presente ainda aquela ideia de a morte ainda puder vir a chegar por alguém do partido, quando dá a entender que sabe que a morte vai ser num corredor do Ministério do Amor com uma bala na nuca. 
Na nossa opinião, este final ligeiramente em aberto deixa para a imaginação do leitor se o Winston se vai tornar parte da população completamente envolvida pelo partido ou se vai recuperar e atacá-lo.
- Mad & Guerassimovna
(https://guerassimovna.weebly.com)

Resenha (sem spoilers) AQUI

5 comentários:

  1. Olá! Li o livro e me encantei com a ideia central do livro. Tenho algumas teorias acerca do mesmo!
    1. O livro inicia-se com Winston sendo vigiado. o autor deixa nas entrelinhas quando descreve o grande irmão nas primeiras paginas do livro, e no enunciado: "Era uma dessas pinturas realizadas de modo a que os olhos o acompanhem sempre que você se move. O GRANDE IRMÃO ESTÁ DE OLHO EM VOCÊ, dizia o letreiro, embaixo." Portanto na minha teoria George Orwell escreve a partir do momento em que Winston passa a ser vigiado já que quem lhe vendeu o livro, a caneta tinteiro, e lhe alugou o quarto era um agente da policia do pensamento. Senhor Charrington. Ora em um sistema vigiado 24 horas por dia o grande irmão não deixaria brechas, nem sequer no mercado negro, onde Winston compravas coisas proibidas, e as vezes necessarias. O partido era quem vendia as mercadorias no mercado negro e assim vigiava quem as comprava. O que vc acha da minha teoria?

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    1. Faz super sentido!
      Terminei de ler o livro ontem e fiquei em dúvida em relação ao final do livro. Ele foi convertido, modificado, amava o Grande Irmão ou não?

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    2. Não gostei tanto desse final. Tinha lido a Revolução dos Bichos e, portanto, achava que o final seria naquele sentido. Ele morrendo não me pareceu impactante.

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  2. Não entendi muito bem ele dialogar com certo carinho com quem o estava torturando

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