Ensaio sobre a Cegueira
Sinopse: "Uma cidade é devastada por uma epidemia instantânea de "cegueira branca". Face a este surto misterioso, os primeiros indivíduos a serem infectados são colocados pelas autoridades governamentais em quarentena, num hospital abandonado. Cada dia que passa aparecem mais pacientes, e esta recém-criada "sociedade de cegos" entra em colapso. Tudo piora quando um grupo de criminosos, mais poderoso fisicamente, se sobrepõe aos fracos, racionando-lhes a comida e cometendo actos horríveis. Há, porém, uma testemunha ocular a este pesadelo: uma mulher, cuja visão não foi afectada por esta praga, que acompanha o seu marido cego para o asilo. Ali, mantendo o seu segredo, ela guia sete desconhecidos que se tornam, na sua essência, numa família. Ela leva-os para fora da quarentena em direcção às ruas deprimentes da cidade, que viram todos os vestígios de uma civilização entrar em colapso. A viagem destes é plena de perigos, mas a mulher guia-os numa luta contra os piores desejos e fraquezas da raça humana, abrindo-lhes a porta para um novo mundo de esperança, onde a sua sobrevivência e redenção final reflectem a tenacidade do espírito humano."
Nome do Livro: Ensaio sobre a Cegueira
Nome do Autor: José Saramago
Editora: Caminho
Número de Páginas: 310 páginas
Resenha: Bem, eu finalmente decidi ler um livro do conhecido autor portugues que ganhou um prémio novel da literatura. E finalmente eu percebo o porque de ele ter ganho. Eu sei que este livro não foi um principal para ele ganhar, penso até que foi o Memorial do Convento, mas meu deus, os sentimentos que este homem passa em cada ação arrepia uma pessoa. Sabem, ele não tem medo de escrever sobre algo, ele simplesmente pensa nisso e escreve.
O livro conta de como se espalhou uma espécie de cegueira branca contagiosa e de como o Governo respondeu a esta ameaça ao mesmo tempo que as pessoas sentiam a ameaça sobre a cabeça.
Quando eu comecei a ler eu estava a adorar, e continuei a adorar até ao final, mas o livro arrepiou-me muito. Houve alturas em que eu pensava "isto é um exagero", mas depois pensava melhor e lembrava-me que sem governo, o mundo estaria num caos, se ninguém visse nada, se não fosse possível produzir comida, se não fosse possível ir à casa-de-banho por falta de água, não houvesse eletricidade, etc, o mundo estaria num caos. E o livro explica como seria a resposta do mundo exatamente a isso. E no meio de todo este caos existe uma única mulher que consegue ver mas que se cala com medo que a odeiem por ela ver ou de fazerem dela escrava. Mas ela tenta ajudar, isto mostra como a vontade humana é grande, mas não suficiente, porque tem alturas em que ela está a morrer de cansaço. Completamente.
O que eu adorei no livro foi o facto de que o autor não refere nomes, ele diz simplesmente "a mulher do médico", "o ladrão", "o polícia", nomes assim, ele não diz o nome de uma única personagem. E eu acho que isto se adapta perfeitamente, porque a pessoa não fica com a ideia de ter acontecido com essas pessoas e pronto, a pessoa fica com ideia que pode acontecer realmente. Quando eu acabei de ler o livro e vi uma notícia de um assaltante, a primeira coisa que pensei foi o ladrão do livro, e isso arrepiou-me. O livro descreve perfeitamente o caos, e realmente Saramago merece notoriedade por isso.
Saramago é também muito conhecido porque usa poucos parágrafos e não separa as falas. Bem, eu não tive problemas em entender as falas. Na verdade entendi muito bem quando eram falas e de quem eram. A única coisa que me meteu um bocado de confusão foi o facto de que como havia poucos parágrafos, parecia que eu ficava o dobro de tempo numa página, isso torna-se cansativo. Sabem, quando estou a ler um livro eu gosto de virar a página, mas neste livro isso demorava para acontecer porque não havia quase parágrafos.
Eu vi o princípio do filme e desisti porque não gostei. O filme tem certas diferenças e é feito de forma tão estranha que eu não gostei. Vi nalgum lado que quando Saramago viu o filme ele aplaudiu de pé e disse que estava muito bom porque transmitia exatamente o que ele queria transmitir quando estava a escrever. Bem, eu senti o que ele queria transmitir no livro, mas não no filme.
Mesmo assim é um livro muito bom, é preciso sim ter estômago para o ler.
Boas leituras :)
Quotes/Melhores Momentos:
- «Quem vai morrer, está já morto e não o sabe. Que temos de morrer sabemo-lo desde que nascemos, por isso, de uma certa maneira, é como se já tivéssemos nascido mortos.» - Página 196 e 197
- «A cegueira também é isto, viver num mundo em que se acabou a esperança.» - Página 204
- «Na morte a cegueira é igual para todos.» - Página 204
- «O espírito pode iludir-se quando se rende aos monstros que ele próprio criou.» - Página 222
- «Os dedos roçaram as pétalas mortas, como a vida é frágil se a abandonam.» - Página 238
Trailer da adaptação do livro para o cinema:
Aqui está um caso em que concordamos completamente! Amei este livro... mas as pausas que precisei de ir fazendo para ter estômago para ele...
ResponderEliminarSem dúvida nenhuma. Li o Memorial do Convento e, ao pé de certos momentos deste, não tem nada de mal. Saramago chocou bastante nesta obra.
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